Escândalos antigos que se mostram novos
Os desafios do corporativo que aos poucos vêm sendo desvendados
Alguns escândalos não são coisa de hoje. Muitas pessoas no passado, quando não havia a possibilidade de defesa como se tem hoje, sofriam, caladas e humilhadas, sem saber em quem confiar ou sem ter quem as ajudasse.
No Brasil, temos leis que nos auxiliam nesses casos e nos defendem, como o 484 da CLT, que prevê que algumas maneiras de assédio moral são causas justificantes que autorizam o trabalhador a sair do emprego por meio de rescisão indireta do contrato. Temos um exemplo de responsabilidade subjetiva, ou seja, agressor e empresa poderão ser responsáveis direta ou indiretamente pelo dano causado.
Ultimamente, as pessoas entenderam que não podem mais ficar caladas diante de abusos. E para o bem de todos e também dos profissionais éticos, a condenação ao abuso contra a dignidade do outro, virou uma única voz, um uníssono mundial. Nas empresas, não é diferente: os abusos acontecem no meio corporativo tanto quanto no social, afinal, uma empresa com um grande número de funcionários tem um mundo social que dura as horas de trabalho e às vezes, até mais. Depois da violação de privacidade do grupo Meta, do Facebook, veio mais uma para integrar a lista das empresas que tentam abafar o lado obscuro por trás da sua rede de negócios.
Nesse mundo corporativo das grandes empresas, a conhecida Ubisoft também entrou na lista dos escândalos envolvendo empresas do mundo digital e é mais uma às voltas em tentar atenuar o que não tem como, sobre seus executivos associados aos escândalos éticos.
Este ano, outras gigantes dos videogames, como a Activision Blizzard, recebeu pressão governamental. Isso, porque os governos entenderam que a demora em se ter a denúncia pública para esses casos, é a razão de não combater e mostra o desanimo da vítima em relação a confiança na Justiça como principal meio de defesa das vítimas. A imposição de silêncio imposto pelos administradores da empresa, o medo de demissão ou perseguição dentro e fora da empresa, como também a corrupção exposta nos principais poderes das nações, dificultam a punição dos assediadores e permite que esses criminosos fiquem ativos por mais tempo, pois são fatores que desaima as vítimas.
A administração da Ubisoft reconheceu que a sua resposta ao escândalo de má conduta no local de trabalho, exposta em junho de 2020 não foi das melhores. Mesmo argumentando que suas ações foram em grande parte rápidas e corretas naquele momento, isso fez com que alguns funcionários perdessem a confiança na empresa, o que acontece quase sempre em que os demais tomam conhecimentos de problemas da ordem em seu ambiente corporativo.
A diretora de pessoal da empresa Ubisoft, Anika Grant, pronunciou-se sobre a má gestão em uma conversa com o portal Axios, onde explicou que o foco da empresa ficou direcionado à investigação para obter resultados, esquecendo das reclamações e da experiência dos funcionários sobre o que vinha acontecendo. As experiências e provas apresentadas, eram suficientes para a ação de combatimento e providências da empresa.
Segundo ela, 'nem sempre nos comunicamos o suficiente com as pessoas que levantaram o problema sobre o que descobrimos nas investigações, as decisões que tomamos e as ações que decorreram. Também penso que, infelizmente, as pessoas perderam a confiança nesse processo', confirma Anika.
As acusações e alegações de conduta imprópria começaram a surgir na Ubisoft em 2020 e incluíam desde assédio sexual e moral, a ameaças quanto a vir à público.
Yves Guillemot, o presidente da companhia, pronunciou-se ao fazer várias promessas de melhorias e a partir daí a Ubisoft criou um sistema para reportar anonimamente qualquer queixa no trabalho, o que, convenhamos pelo tempo em que vivemos numa sociedade decaída, que já deveria mesmo existir.
Anika confirmou essa informação e diz que o número das queixas e da seriedade delas vem caindo bastante com o tempo. Porém, do outro lado, ainda existem muitos funcionários pedindo por mais mudanças como impedir a promoção de uma cultura de silenciamento das vítimas, o que foi negado por Anika. Com a confissão de que a empresa gerou mal a crise, a executiva também reconhece que ainda não estão onde querem chegar, mas estão tentando chegar nesse objetivo. A conversa com Grant se tornou uma espécie de declaração oficial do movimento 'ABetterUbisoft', uma parceria entre funcionários e ex-funcionários da empresa, uma vez que muitos casos de demissão seja voluntária ou não. pode envolver fatos ocorridos desta ordem.
Fonte: Tecmundo
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